Caros profissionais de museus e instituições cultuais,
Estou em falta com vocês das memórias dos nossos encontros. Porém, não posso falar muito sobre como foi o encontro do dia 28 de maio na Fundação Joaquim Nabuco –Derby, pois precisei chegar mais tarde ao horário combinado [9h30] para iniciar. A ação educativa dessa instituição, que trabalha com exposições de arte contemporânea temporárias de jovens artistas premiados através de edital nacional.
Só para relembrar o tema norteador foi “A preparação do educativo para exposições temporárias”.
Desse dia o pouco que acompanhei, já próximo do final da reunião, foi a possibilidade de criar na REDE uma formação continuada de professores que ligassem, de forma temática a partir das conexões de acervo e linguagens, várias instituições. Uma boa ideia. Mas, é preciso um mapeamento e mais reuniões com coordenadores educativos e seus educadores museais para que fosse criado uma conexão efetiva.
Outra questão que comentei foi sobre a CARTA DE PRINCÍPIOS. A carta foi elaborada durante o II Encontro Nacional da REM, como vocês podem ler abaixo. Durante o 4º Fórum Nacional de Museus iremos nos reunir para discuti-lo mais uma vez para poder apresentar ao IBRAM. Leiam. Quer sugerir algo? Escrevam-me!
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Durante do II Encontro Nacional da Rede de Educadores em Museus e Centros Culturais do Rio de Janeiro, realizado entre os dias 02 e 04 de dezembro de 2009, no Palácio Gustavo Capanema, na cidade do Rio de Janeiro, com a presença de, aproximadamente, 150 profissionais da área de educação em museus representando as cinco regiões brasileiras, foi elaborado o documento a seguir, denominado Carta de Princípios.
O referido encontro, intitulado a dimensão educativa dos museus: uma forma de olhar, teve como objetivo principal proporcionar um espaço de reflexão e de debate sobre Museus e Educação e suas variadas abordagens. Para tal, foram propostas cinco dimensões correspondentes a diferentes olhares, a saber: o olhar das políticas públicas; o olhar do educador; o olhar acadêmico; o olhar dos públicos e o olhar institucional.
Como metodologia adotada para a elaboração do documento foi sugerido as REM´s, dos diferentes estados, que discutissem previamente os temas propostos e, apresentassem suas contribuições para o documento. Durante o encontro, os participantes foram convidados a se inscrever em cinco grupos de trabalho, de acordo com seu interesse, divididos conforme as temáticas, acima enunciadas. No último dia, representantes de cada grupo se reuniram para a elaboração de uma minuta que, como acordado na ocasião, seria organizada pelo Grupo Gestor, para então ser enviada aos participantes. Após as leituras e contribuições, por meio do blog da REM, o documento será finalizado e enviado aos órgãos competentes, universidades, instituições museológicas e afins.
Carta de Princípios
GT1 – o olhar do educador
Ao iniciar a reflexão sobre esta temática o grupo sentiu a necessidade de definir o termo educador em museus, concluindo tratar-se do profissional, oriundo de diferentes áreas de formação, que possa atender as especificidades da categoria institucional em que ele se encontra (museus de ciência, museus de arte, museus de história) que elabora, desenvolve, pesquisa e avalia as ações voltadas para o público com fins educativos.
Os educadores em museus apontam como necessidades primordiais que:
- toda instituição possua um Setor Educativo formado por uma equipe multidisciplinar, do seu quadro permanente, podendo contar com apoios e consultorias externas;
- seja construído e explicitado um projeto político-pedagógico que oriente a concepção, o desenvolvimento e avaliação das ações educativas, apresentando os referenciais teórico-metodológicos que o fundamentem;
- o educador em museus tenha lugar na equipe de planejamento da instituição, tendo em vista a dimensão comunicativa da educação que perpassa em todos os setores;
- se invista continuamente na formação e qualificação profissional;
- sejam implementadas Políticas Públicas, visando a legitimação do profissional – educador de museus -, por meio de formação específica, seja em cursos lato-sensu, stricto-sensu, cursos de extensão e formação continuada; o que exige o fortalecimento dos laços com a Universidade;
- contemple em suas ações os vários segmentos de público (etários e sociais), incluindo as pessoas com necessidades especiais;
- reafirme por meio das ações educativas o papel social da instituição;
GT 2 – O olhar das políticas públicas
As políticas públicas devem favorecer:
- a existência de um quadro de funcionários públicos capacitados para o campo da educação em museus;
- a valorização do campo da educação em museus;
- a melhoria das condições de trabalho, garantindo dotação orçamentária e uma equipe permanente, com plano de cargos e salários;
- o fortalecimento do campo de atuação com a criação de cursos acadêmicos em diferentes níveis e programas de formação continuada;
- o aprimoramento e atualização dos profissionais incentivando e financiando a participação em cursos e em fóruns relacionados à área, no Brasil e no exterior;
- a implementação de programas de acessibilidade nas instituições garantindo o respeito aos públicos em sua diversidade e necessidades, bem como a democratização da cultura;
GT 3 – o olhar institucional
Cabe à instituição museológica:
- garantir a existência de um setor educativo na estrutura organizacional equiparado, hierarquicamente, aos demais setores;
- dotar o setor com recursos humanos qualificados, materiais e financeiros necessários ao seu funcionamento;
- adotar uma política de formação e qualificação permanente dos profissionais;
- garantir a participação efetiva de um representante do setor na formulação do plano museológico e em todas as instâncias do planejamento dos programas institucionais, como por exemplo o processo de concepção e execução dos diferentes momentos das exposições;
- favorecer a articulação e comunicação entre os setores;
- viabilizar a participação dos profissionais do setor nos fóruns e encontros da área, seja no Brasil ou no exterior;
- incentivar e promover a criação de grupos de pesquisa contemplando as várias linhas existentes na instituição;
- superar o caráter eventual das suas ações, instituindo programas de médio e longo prazos;
- criar instrumentos de coleta e registro de todas as informações (relatórios; projetos; imagens etc.) relativas a concepção, desenvolvimento e avaliação das ações e programas educativos visando à construção da memória institucional;
GT 4 – o olhar do público
Os profissionais responsáveis pela prática da ação educativa em museus devem propor e tentar entender como se dá a experiência dos visitantes no museu, por intermédio de pesquisas qualitativas e quantitativas que possam:
- dimensionar quem é o público da instituição e quais são suas percepções, demandas e motivações;
- mapear os diferentes segmentos sociais e etários que frequentam a instituição, bem como aqueles segmentos que não frequentam;
- buscar uma linguagem acessível que permita a compreensão da temática da instituição, pelo público, como condição para o estabelecimento efetivo do diálogo;
- incentivar o desenvolvimento de práticas/ações pautadas em metodologias que tenham no diálogo o princípio que rege a relação educador/visitante, considerando este como sujeito de sua própria história;
- permitir à instituição criar as condições necessárias relacionadas à sinalização, conforto, acessibilidade, acolhimento entre outros itens, para que o público tenha autonomia e, possa, assim se apropriar plenamente do espaço;
- manter uma comunicação sistemática com o público, por meio de questionário, livro de sugestão/crítica, enquête e outros instrumentos que permitam avaliar o trabalho que está sendo desenvolvido visando aprimora-lo constantemente;
GT 5 – o olhar acadêmico
Tendo em vista a inexistência de um curso específico que forme o educador em museus, as instituições/órgãos de classe, a exemplo, da REM, deve estreitar os laços com a academia para numa articulação e ações conjuntas possibilitar:
- o incentivo e a criação de cursos de formação ou disciplinas que tratem das especificidades deste campo do conhecimento;
- a compreensão que este campo (educação em museus ou instituições culturais em geral) é necessariamente multidisciplinar, sendo fundamental o conhecimento de diferentes áreas;
- a criação de intercâmbio para o desenvolvimento de programas de estágio curricular (Cursos de Museologia; Pedagogia; Arte; Licenciaturas entre outros), estudos, monografias, dissertações e teses, favorecendo maior oxigenação às práticas, idéias e teorias;
- o desenvolvimento de linhas de pesquisas teóricas e aplicadas;
- a realização de fóruns/encontros/congressos que possibilitem o debate, a reflexão, o compartilhamento de experiências e, sobretudo o incentivo à produção de conhecimento;
- criação de publicações e/ou veículos afins, voltados para a divulgação dos resultados de estudos, pesquisas, relatos de experiências, entrevistas e outros meios.
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Atenciosamente,
Anderson Pinheiro
Arte/Educador
Articulador Rede de Educadores em Museus - PE
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